Força Maior (ou: Caminhos da Vida)

Um poema-canção de José Douglas Alves dos Santos

Nessa fotografia vemos um senhor olhando o caminho (o horizonte, essa força maior) à sua frente e dando mais um passo em sua direção. De certo modo essa imagem representa um pouco do que quis expressar nessas palavras: de como a vida se revela um caminho nem sempre límpido, onde cada um de nós segue sem saber exatamente o que esperar ou para onde ele vai nos levar. Na maior parte das vezes seguimos, apenas seguimos. E o que nos espera não é menos importante do que aquilo que esperamos encontrar.

Quanto tempo temos que esperar
Até que finalmente enxergamos,
Que nem tudo nessa vida é linear,
Como muitas vezes acreditamos?

Quanto tempo precisamos esperar
Até que um dia despertamos,
De uma vida antes fora de ar
Para os canais que mais procuramos?

Lembro de quando escrevi
Que para um dia sermos grandes
Precisamos também ser pequenos.*
E o que quis dizer foi algo bem simples:
Se quisermos chegar onde nossos olhos alcançam
Temos que começar vendo o caminho que há por dentro.

Em outras palavras, disse o seguinte:
Não há adulto que não se perca
Se se esquece de si mesmo.**

[…]

Quanto tempo temos que esperar
Até que finalmente concordamos,
Que nem tudo nessa vida é protocolar
Como muitas vezes são nossos planos?

Quanto tempo precisamos esperar
Até que um dia aceitamos,
A imprevisibilidade que faz parte da vida
E por vezes nos leva aonde não sonhamos?

Então se quer correr, corra,
Ser quer parar, pare.
Ninguém pode dizer a hora certa para tudo
Ou ensinar aquilo que não sabe.
Portanto se quer dizer, diga!
Mas se quiser aprender, cale-se…***
Aprende mais quem fica em silêncio
Do que os que repetem as mesmas bobagens.

Não é tão difícil, basta tentar.
Todo primeiro passo que damos nessa vida
Nos leva a um movimento sempre constante.

[…]

Quanto tempo temos que esperar
Até que finalmente assimilamos,
Que nem tudo nessa vida é sequencial,
Pois o tempo às vezes tem seus próprios planos?

Quanto tempo precisamos esperar
Até que um dia lembramos,
Da imprevisibilidade que faz parte da vida
E por vezes nos leva exatamente aonde sonhamos?

E por vezes nos leva…
… Onde estamos.

* Aqui faço menção a um poema escrito em 2013, Folk Heart, cujo um de seus trechos diz: “Calma, garoto / Não deixe o sonho virar pesadelo, / Não deixe a coragem virar medo. / Você sabe que para ser grande / Tem também que ser pequeno.
** Nesse caso, quis dizer que o adulto se perde quando esquece da criança que há dentro de ti.
*** Mais no sentido de parar, silenciar e escutar, do que apenas parar de falar.

Imagem em destaque de David Marcu, via Unsplash

José Douglas Alves dos Santos

Um fatimense que caminha pelo mundo desmistificando dálias, observando nuvens e criando constelações de poesia

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